terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Um poema concebido quando o dia ainda era noite..."


Há um vazio
no canto direto
da porta.
Nenhum
enquadramento
barroco
pode
ser
registrado
pela
íris
moderna
do meu corpo.
Encontro
toscos
desenhos
teus
no
caderno
onde
haviam
promessas
não mais
lembradas.
Apenas
o oco
na minha
memória.
Estão
ali nomes
escritos
de pessoas
que nem
mesmo sei
quem são.
Venho
exercitando
o esquecimento
ao longo
dos tempos.
Nas páginas
do livro
quase
desintegrado,
Spengler
afirma
sobre
a história
ser
insentimental
      &
sem compadecimentos
daqueles
que se julgam
sentimentalmente.
E toda essa
estória
esquecida
que
não me
fora esclarecida
pelos
próprios
túneis
do meu
tempo?
Uma
placa
noturna
nos dias
enfumaçados.

. . .

Há um lado
esquerdo
no canto vazio
de minha janela.

Rodrigo Chagas
14/05/10.

16/05/10

Sem a vida


não existe


à arte?


Quanta bobagem,


embora dos


meus vivos


ouvidos


li mãos mortas,


de falecidos punhos


escutei vozes


existentes


que há muito


se foram...


Impedido de viver,


na arte


fui morrer...


Você me diz


que eu deveria


mudar essas


últimas


sentenças,


palavras &


proposições,


tudo bem.


Abra em qualquer


parte um livro


& escute sua canção.






Rodrigo Chagas


16/05/10.

08/04/10


& a
chuva
chega
chove
mais
que
a
cântaros.
Des-brinda-nos
com
mortes
&
desastres
- que deslize -
Trovões
chacoalham
anilmente
o
escuro
do firmamento,
iluminam
as trevas
da
preta
noite.
Essas
gotas
não
trazem
o frio,
apesar
dos
gélidos
cadáveres
nos
escombros
marrons
do
concreto
cinza.
O
calor
dos
inferno
continua
sob
o céu
de lama.
Acima
dos
meus
pés
a água
transborda
o meu cálice.

Rodrigo Chagas
08/04/10.

01/08/10

"Rasgue 1o antes de ser dilacerado".
Foram essas as 1as palavras
que vieram-me num dia
do ano anterior.
As palavras destroem as idéias
& as letras constroem
toda o palavrório
idealizado pela humanidade.
Globos oculares
são necessários
para transmitir
a leitura.
Meus ouvidos
captam
as cordas vocais
que ecoam
pelo firmamento.
Estou semi-nu
em sua cama
escrevendo tudo
isso,
sujo,
vindo da privada,
pois apesar
de acreditar
na destruição
dos pensamentos,
escrevo...
Acreditando,
antes de banhar-me,
que o esplendoroso
está por vir
de minhas
Mãos.

Rodrigo Chagas
01/08/10.

07/10/10

5
estrelas
nos meus
olhos.
Glóbulos
oculares
como
constelações...
Acima do solo,
firmamento  abaixo.
Daniel
escreveu
uma parte
do
antigo
livro,
nas páginas
finais
do novo,
esperam
(eles)
o  Messias.
Ando eu
sozinho
na cidade-baixa,
em círculos,
no Largo
de Roma.
Não existe
1 Papa,
não há
outro
Nero.
Somente
Eu & a bandeira
rasgada,
em sua
notívaga
jornada,
a flamular
na quente
escuridão
desse dia.
E caso
meu
corpo
morra
sob o aço
- em terras estrangeiras -
envie-o
de volta
num caixão
de metal
como aquele
da Conselheiro Zacarias.
(é pra isso
que  ele serve,
p/longas jornadas...
Assim explicou-me
o velho negro
da funilaria).

Rodrigo Chagas
07/10/10.

Um poema que desmoronou.


Pedro
percorreu
toda casa
até
pairar
na
escada.
Apertou
30
X
o interruptor.
Desceu
a sacada,
apunhalou
um ovo
& a
gema
escorria
feito sangue,
mas
era
amarelo
remela,
o colorido
de um
só tom.
Avistou
um
disco...

"Canções
não
me
dizem
mais
nada".

Abotoou
a camisa,
escancarou
a porta
dizendo:

"- Adentre,
Avante,
antes
que
o passado
saia
mundo
afora
sem
saber
o que
perdeu..."

De repente
o sol
entra em cena
e meus
dedos
caem
antes
que o poema
ter
mi
n
.
.
.


Rodrigo Chagas
07/10/10.

"Um Poema Capitalista"


Caminho pelo Shopping...
Através da vitrine
vejo belas pernas
de 1 garota
com um shortinho jeans
desfiado,
adentro
a
loja
sem ao menos
saber do que
se trata,
do que
é vendido...
A moça
revela-se
não tão
jovem,
mas ainda
assim normalmente
bela.
Entre os copos,
xícaras,
passam
meus
olhos...
Por mim
um bebê
num
carrinho
&
sua mãe
empurrando-o
ultrapassam
minha existência.
Paro defronte
a um conjunto
Tramontina
admiro-o,
sem ao menos
gostar,
passo o
dedo
na faca,
a sensação
fria
do
inox,
mas
a navalha
não me
corta.
Hoje é um
dia como
qualquer
outro.

Rodrigo Chagas
21/10/10.

II Poemas num dia só.


I

Venho sonhando
com amigos
falecidos
há dias,
eles
não sabem
que estão
mortos.
Trovoadas
cinzas
ecoam
no estrondoso
firmamento
soteropolitano.
Acordo
&
volto
a
dormir
com o Armagedom.
Os evangélicos
disseram
que o mundo
acabaria
em 2000,
os Maias
anunciaram
em 2012,
& ninguém
acerta
a
banana
da catastrófica
profecia..

II

O verão
atravessa
o ano,
o punhal
a carne,
só você
não ultrapassou
a minha existência.
Ficou lá,
encravada,
- empacada -
na estação
anterior,
nem mais
presa nela
hoje está.
Abri a gaiola
da
mente,
restando
apenas
água
suja,
merda
&
migalhas
secas.
2013
atravessou correndo
em minha frente,
na sala de estar
de nossas casas.

Rodrigo Chagas
13/01/10.

20/01/10

Olhe
entre
os
espaços
das
cores
nas árvores
dentre
os
vales
e
o oceano
azul
dos
teus
olhos.

Índios
vermelhos
como minha
bisavó
escalpelam
um eunuco
na
praia
de
Boa Viagem.

Dedos
tortos
tocam
teclas
de
um
piano
preto
&
1
nariz
adunco
baila
no meu
salão.

Navios,
naufrágios,
sufrágios...

Dance
comigo
esta
última
quimera
na
cratera
lunar.

Dançar
até
meu

calar.

Silêncio!

O
Espetáculo
começará
em
alguns
minutos
antes
do
fim.

Pronto.

Iniciou-se
agora
pra
daqui
a
pouco.

Rodrigo Chagas.
20/01/10.

Rachael´s Kiss

Raquel está no altar
Com seu noivo,
o Padre
e um Jesus
empoeirado.
Olhando-a
dou-me
conta
de
que não
possuo
mais
aqueles
beijos,
buracos,
sorrisos
e poros...
Tão pouco ela
os meus....
De certa forma
até fiquei feliz por isso
- e certamente o noivo
dela mais ainda...
Pensei
que poderia
ser eu ali
no púlpito,
como nos
planos desfeitos
num sábado
à  tarde.
As músicas
da cerimônia
eram
outras,
o quase-marido também,
mas os parentes
eram
os mesmos...
O Pai,
a mãe...
Penso neles
passando o sal
pra mim
num jantar
há décadas
atrás,
numa mesa
gigante
&
agora distante.
Não sinto ciúmes
- ou tristezas -
mas penso
que um dia
projetei
estar ali...
Na verdade eu estaria
numa igrejinha
no Humaitá,
não
naquela badalada
- e cara -
Catedral...
Estão ali
eles
e o Deus pendurado,
crucificado,
ferido por mãos romanescas...
Nesse momento penso
que gostaria ser como J.F. Sebastian
em Blade Runner.
Morar num prédio vazio & abandonado,
cheio de goteiras e poeiras...
elevadores de grades enferrujadas...
sozinho....
alimentaria-me das lembranças e recordações
dos outros...
Morar em cada apartamento,
dormir em seus quartos
que não foram meus
e pensar em seus momentos,
enrolar-me nos lençóis
que embalaram outros sonhos...
Viveria cada foto como se fosse minha,
afinal depois de tanto tempo,
o que realmente
é nossa construção
do passado ou a verdade...
Penso em Jeovah
e sinto-me como
um replicante
desesperado
segurando uma pistola.
Procurando por
padres,
pastores,
bispos,
babalorixás,
monges
e qualquer um
que pudesse
me dar o endereço
exato do criador...
Minhas perguntas
seriam como balas
atravessando minha garganta
e explodindo direto em suas cabeças...
Raquel beija o noivo,
não sou eu naquele
momento...
Um dia falei
"De todas as moradias da Tentação
a do Coração é a mais antiga"
Ela consentiu
e
desapareci
pelas veias & vielas
de sua vida.
(Ah! A existência
sem ela o que seríamos.
inexistentes...).

Rodrigo Chagas
18-01-10.

Outros 2 peomas num mesmo dia.


Apesar de não ser
amanhã
hai de ser
outro dia.
Embora
o
refrão
soe
familiar
é outra:
A canção.
Assim
como os esquimós
diferenciam
dezenas
de alvas
cores
os notívagos
enxergam
diferentes
pontos
negros
na
escuridão.
Puxo o ar
para dentro
do peito
& meus
pulmões
ardem
- chamas -
em pleno
verão.
Costumava-me
falar,
você,
do meu
tão
desajeitado
jeito
que nem
mesmo
aspirar
eu sabia.
Nessas
quase
31
estações
vividas
o
natural
não
me é
ainda
conhecido.

Rodrigo Chagas
14/03/10.


-----------------------------


Horas
tem
que
um
poema
deve
tomar
seu
rumo
próprio.
Lançado
como
um
foguete
ao
vácuo.
Guardados
fora
da
minha
cabeça/gaveta,
sem direção.
Palavras
lidas
por
outras
idéias
sem
meus
olhos
dedos
coordenação.

Rodrigo Chagas
14.03.10

Cinema


Na tela

projetada

imagens

de fotogramas

em movimento.

Momentos

não mais

existentes

perpetuados

pela

sua

exibição.

Pagamos

caro

&

esperamos

na longa fila

para

sermos

meros

expectadores

numa

película

que nem

ao menos

sabemos

qual

a sua

direção.

Pensas

que

o fim

nunca

chegará

para

ti?

Enquanto

cochilas

nem

próxima

sessão

mais

terá.

Lanterninhas

sem

pilhas

amaldiçoam

a escuridão.

Tlac,

tlac,

tlac...



Rodrigo Chagas

03/03/10.

03/09/10



Quando
teu rosto
      resplandece
na face
obscura
de minha memória.
2 mãos
na garganta
frágil
- & quebradiça -
de 1 galinha
ensangüentada.
Rodopiam
as saias,
atiçam
os braseiros
e seus olhos
fitam-me
no azul
do céu
além
do que
se pode
enumerar.
Circundeiam
os pés
rosados
outrora
sujos.
Pretos
cabelos
caem
jazidos
na terra
onde
à água
repousa
em meu
colo
dos
seios teus.
A escuridão
foi-se,
junto-me
a ela,
quedo-me
a ti.

Rodrigo Chagas.
03/09/10.

28/01/10


    Qual de nós
    veremos
    o novo
    ano
    ainda
    não
    nascido?
    As pombas,
    os prédios,
    as pedras na calçada...
    lá estarão...
    provavelmente...
    um
    de nós...
    Talvez...
    Teremos
    o outono,
    o calor,
    e toda baía
    em
    sua verde
    extensão.
    Somente os olhos
    podem
    ver essas cores...
    deixe
    ver-me
    verme
    que de mim
    tirará
    a existencia
    &
    tudo
    aquilo
    que ainda
    se pode enxergar.
    É possível
    que não
    estéjamos,
    apenas o calendário.
    E quem se importa
    com o fim?
    Apresente-me
    um melhor
    e aceitarei-o.
    Como as crianças
    que agora
    refrescam-se
    na piscina
    edifício
    abaixo.

    Rodrigo Chagas.
    28/01/10.

05/10/09


O demônio da esperança
está sempre a tentar-me.
Rondando meus pensamentos,
fixa-se em minha mente
& nela faz seu habitat,
iludindo-me com
o amanhã,
o por vir.....
Além & adiante.
Enganar é acreditar
em algo não existente
presente
no real.
Aparecendo apenas
na minha projeção:
O futuro.


Rodrigo Chagas.
05/10/09.

03/09/09


Eu tive um sonho:

Jesus era uma grande
bomba flamejante
descendo firmamento abaixo
de nossas cabeças.

Como na profecia bíblica
o mundo ardia
- & se acabava -
em chamas....
2 garotas pele & osso
dançavam alegremente
- enquanto suas peles soltavam -
e seus esqueletos
desintegravam-se
ao som frenético de trombetas
ensurdecedoras.

Eu de lá do alto
de um edifício pensava:
"Agora não existem mais pás
para enterrar à areia no cemitério".


Rodrigo Chagas..
03/09/09.

09/06/09



Lá estava o velho homem
   - sozinho -
Seus filhos eram vivos,
mas há muito não o visitava.
Seus pais mortos,
há décadas,
dezenas delas,
apareciam
ali & aqui,
lá & acolá,
todos os dias
para visitá-lo.
A esposa,
o sexo,
tinha
um bocado
de tempo
que o abandonara.
Esse tempo
implacável
& muitas vezes
cruel
- como dizem por aí-
materleva no tique-taque
dos seus raros cabelos...ao vento

Rodrigo Chagas
09/06/09.

18/03/09

Uma mulher
com um bêbê
de colo
nos braços
entra
no banco
na hora
mais quente
do dia.
Ele sorri,
aliviado,
ao sentir
o frio
do ar-condicionado.
Apesar de não saber
exatamente
o que seja
o frio
e as condições do ar.
Você deu ao amor
um nome moderno,
mas não há nada
de novo
sob o sol escaldante
de São Salvador
da Bahia.

Rodrigo Chagas.
18/03/09.

30/03/09


Pés que tocaram o solo
de um cemitério
jamais pisarão
o chão de minha casa.
- desculpe -
são costumes antigos
aprendidos com minha mãe,
mesmo que eu não acredite
neles
sigo assim
com eles em minha mente
até ela quebrar
e todos saírem.
Dizem por aí
que as pessoas que morrem
vão embora
porque já cumpriram o papel
que vieram na terra fazer...
nessa eu não acredito.
se assim fosse
1 bêbê
que nasce e morre
serveria apenas para
lascar a vagina
ou
a barriga da mãe?
dilacerar o coração dela
e do pai?
Não me venham com essa...
estamos jogados aqui
nesse mundo,
assim como as formigas,
os insetos
e as flores do outono
que flutuam nos ares...
Hoje acordei com 30
anos
até quando?

Rodrigo Chagas
30/03/09.

Brincando com as palavras III:

 A vida nada mais é
do que uma questão
de gostos
& desgostos.
& eu a muito
contra-gosto
estive por aqui
& (que) pôr ali.


Rodrigo Chagas.
30/05/09.

"Canção da despedida"


Olhos de Girassol,
de afrescos
pintados
em sistinas
italianas...
Qual lágrima
vertida
por mim
veio
dos teus
olhos?
From the blue
or the
green
side?
Eu não
sei...
Do farol
vermelho
no fundo
do teu
carro
eu vejo
você
& o sol
se
pondo...


Rodrigo Chagas.
06/11/09

"Kontinuaren"

Certa feita
uma garotinha
perguntou-me
se antigamente
o mundo era
em P&B
Já que
as velhas
fotos não eram
coloridas...
Hoja cá
estamos
entre fotogramas
digitais
& o mundo
às vezes me parece:
CINZAS!
"-Você só fala
em se matar,
seu egoísta!
Não pensa na dor
dos que ficam".
Egoísmo maior
são vocês
viverem
- continuarem -
esse
mundo
sem
mim.

Rodrigo Chagas
15/04/09.

21/10/09




Tem uma pasta de dente
aqui no banheiro
que minha irmã comprou ontem,
no mercadinho aqui da rua.
É de um forte azul
- intenso,
escuro,
marinho -
parece tinta guache,
lembra-me
um vidro de tinteiro
para canetas
Parker
que eu comprava pra meu pai
quando criança
num armarinho aqui perto,
na papelaria não tinha...
É de uma coloração/textura
fascinante,
embriagadora,
me força,
hipnotiza-me,
a usá-la.
É cada coisa estranha
que levamos a boca.
Diz na embalagem
que os meus dentes ficarão
mais brancos,
brilhantes,
mas isso nunca aconteceu,
e não irá jamais ocorrer,
tudo enganação,
me lembra
essas pencas
de religiões
que encontram-se
agora
nos lugares
de cinemas,
teatros,
televisões...
Em todos os ambientes
e templos,
sem exceções.
Vendem
esperanças
branqueadoras
não importa o preço,
só a - eterna - espera.
Enquanto a escova
circunda meus dentes,
gira em seu redor,
grunho um refrão
de uma antiga canção,
que somente eu reconheço,
nesse barulho estranho que faço.
Vou relembrando as coisas que você
me falou,
que conversamos ao longo desses anos...
Estou cansado de recordações,
resolvo mais uma vez
ficar pra esta noite,
mais escura
que a cor azul intensa
que cuspo pelo ralo da pia.
Abro a torneira
e não há água para
lavar a sujeira azul celeste escura.


Rodrigo Chagas.
21/10/09.

"Do escárnio/fez-se a Carne"


Era minha amiga
e agora
está:
   
      Morta!

Como casca de ferida
que você
   coça
    &
arranca.
      - sem sangrar -

lá estou    eu.
27/ de/ Agosto/ de/ 2002.
Vestido de paletó
sem dormir.
sem ba(rba)nho.
Ela aparece
com seu sotaque
estranho.

Levanto do banco
- cuspo no chão-
deveria ser na cara.

Vou caminhando até a feira de São Joaquim.

Antes do cuspe
secar
a garota
desaparecerá.

Cheiro São Joaquim
como esgoto
  &
frutas novas....

Irimiás
dança
1 Tango
c/Satã
 &
declama
1 poema
fúnebre
em
preto-e-branco.


Rodrigo Chagas.
20/04/09....

"Eu pensei que ali fosse o mar/mas era lama"


& as pessoas dançam
ao redor da mesa...
& rodopiam
em torno dela.
Sobre o móvel
está meu corpo,
O cadáver imóvel
enquanto os outros corpos
balançam...
Chacoalham
como bandeirolas,
antenas de carrinhos
da minha infância...
A minha vida
foi um Tango,
apesar de eu viver
o Rock........
Não bailei
nem com Satã,
nem com Jeovah
& muito menos
com outras
divindades...
Eles celebram o éter
& bebem o álcool.
Giram dando os braços
uns aos outros
&
circundam
o mundo.


Rodrigo Chagas.
31/05/09.

18-09-09

cada minuto é uma pluma levada ao vento
em direção ao norte
do mar
& a morte
chama-me
sussurrando
teu nome
calo-me
os meus
pés se molham
com as ondas
bravas
que vem
do lado
oposto
ao seu
e cá
estou
eu
&
você
em direção
a Vênus
morando
em Marte
Júpiter
eu peço
anéis
à
Saturno
e vc diz
não.

Rodrigo Chagas.
18-09-09.

21/07/09

O dia nasceu
como se a luz
fosse um
fósforo
riscado
rasgando
o firmamento,
afastando-o
da escuridão...
Na minha
fronte
cabelos
poucos
ainda
crescem
na
frente
onde
possuo
olhos
que somente
enxergam
pra trás.
Um velho
ditado
zen
pergunta
como soaria
o aplauso
de apenas
uma palma,
eu indago
quão amigável
seria
um aperto
de mão
solitário.


Rodrigo Chagas
21/07/09.

06/03/09

A chuva fina
molha a relva,
lá no alto
consigo
ver
as pradarias,
reticentes...
Os ratos da lua
estão distantes
ao nascer do sol.
Sem luz
aqui onde estou,
Não por atraso,
mas pelo progresso,
de tão longe
que por essas bandas
ainda não chegou.
Apago a lamparina.
Claro o dia agora.
Todos os armazéns
vazios.
Homens, mulheres
& crianças
estão por chegar,
um dia.
Aí me vou
& meu espaço fica..
Espero ficar velho
antes de morrer.


Rodrigo Chagas,
06/03/09.

existir
é
insistir
no
absurdo
de
viver.

"A angústia do Ser"

Rodrigo Chagas.
12/12/09.

Retrato em P&B.


Então ela perguntou:

- Será essa a última vez?

E ele respondeu-lhe:

- Nunca se sabe, se soubéssemos que seria deixaríamos para o próximo capítulo...


Não tocou aquelas musiquinhas orquestradas de Hollywood dos filmes dos anos 40 e só ouviu-se o bater da porta quando ele foi embora...



F I M {?}


Rodrigo Chagas
28/03/08.

29/06/08



Pensei
ontem
muito
em você.
Me peguei
divagando
sobre
tua graça,
rosto...
Apanhei-me
imaginando
sobre sua pessoa
desde o alvorecer
até o findo dia.
Tem sido assim
há meses,
semanas,
dias...
Não consigo evitar.
A humanidade
está atada
como uma corda
de caranguejo
cheia de lodo
e lama...
Caminhando para trás
& pros lados,
sem direção...
E cá estou eu
perdido
entre o seu nome
e o teu.

Rodrigo Chagas
29/06/08.

30/08/08


Numa quinta
acordei
acreditando
que era sexta.
&
toda
semana
se

d

e

ses

t

r

u

t

u

r

o

u.


Rodrigo Chagas,
30/08/08.

"in cold blood"


Não adianta
seremos pegos
mais cedo
ou
mais tarde.
Pagaremos
pelo que fizemos
aqui
não há escapatória,
não há perfeição.
"Perdidos!"
diriam,
assim estamos
agora
e
sempre.
Não chore,
apesar
de serem inevitáveis
as lágrimas.
Quando se faz
algo tem
que se pagar
por ele,
pela
sua escolha.
Quando fazemos
está feito
e
pronto.
Não se pode
voltar atrás
e você sabe disso.
Então
siga adiante
agüente as conseqüências
como um homem,
como uma
mulher...
Perry fez
o que
fez
ao apertar
o gatilho,
ao cortar
a garganta...
É a natureza,
não se pode
ir contra
Ela.
Por mais
que você
tente
será
em vão.
Ela sempre
paga
o
nosso
preço.



"eu, sinto muito......"



Rodrigo Chagas
05/01/08.

"A vida é o preenchimento da espera...só não sabemos do quê..."


Os novos ficarão velhos
e os eternos nunca morrerão...
Eu sinto o gosto de menta no hálito dela,
seus olhos azuis,
abaixo dos cabelos vermelhos
de tinta barata,
vejo a raiz negra
depois do couro cabeludo...
Conversamos ontem pela cidade,
andamos até a ribeira,
passando pela beira-mar,
até Roma...
A cidade (é) vazia,
como me sinto agora.
Ela vem pedindo há anos
para eu mudar,
tentar ser melhor,
mas não adianta...
Venho sonhando com isso há tempos,
e assim mantenho-me vivo.
Sonhos,
esperanças
& ilusões.
É o que nos faz continuar,
pouca coisa além disso, acredite.
Uma dia em vão,
passei a noite
deitado na janela,
fazendo pose & bebericando uma cerveja,
sem álcool,
porque era a única
que tinha na geladeira do meu pai,
a garota não apareceu
e pareci um idiota,
achando que em algum lugar
alguém me assistia...
Você chegou de tão longe,
depois de anos morando fora
e cá estou eu
o mesmo
e isso não é bom.
Quando se é jovem isso é poético,
mas agora,
nem eterno pode ser.
E as canções seguem
& os carros
com suas luzes vermelhas borradas
ficam de costas para mim.


Rodrigo Chagas.
10/12/08.

1 Canção Para Walt Whitman:


Preciso tomar um banho
para limpar os Meus pecados
do Meu corpo.
Quando não se tem Jesus
um bom chuveiro resolve.

Uma ducha

para

lavar

suas

angústias

escoando

tudo
e
todos

para

fora...

Outro dia estava com meu Pai
tirando um enorme rato morto
do meio de uns velhos tonéis
cheios de água que nunca usamos
"para quê isso cheio?"
perguntei para
meu velho progenitor
"água para reserva", ele me disse
apesar de nunca a bebermos...
A água continua no reservatório
e precisei girá-los para poder
achá-lo,
o rato,
daqueles enormes,
já podre,
fedendo pra porra,
e me dei conta,
depois de ficar
viajando pela podridão
daquele odor
que me inspirava
o repúdio...
Pensei que a vida fedia,
pois a morte provém dela,
mas percebi
que na verdade
a morte fede,
até mesmo uma flor morta
perde seu perfume...
Outro dia um garoto
teve sua cabeça cravada de balas
bem perto de minha rua
enquanto eu acordava
ele morria...
Pessoas,
ratos,
flores
e a humanidade
têm um cheiro
ruim...
E pelo ralo
a chuva que caia
na nossa cidade
tentava em vão
lavá-la
dos nossos
pecados
&
Sujeiras
por isso que ela sempre entope & inunda...
Não importa o tamanho do nosso Jesus
nem da potência
de nosso
chuveiro.



Rodrigo Chagas,
Salvador,
18/04/08.

15/06/08



Eu matei uma flor
pare te dar,
mas você sabe
nada
- nem ninguém -
vive para sempre.
Não me importo
com o rumo da humanidade.
Para onde ela está indo,
ou coisa assim...
Nós jogamos muito alto
e não vamos parar.
Se der o número 13 vermelho
ou não
pouco importa...
Eu matei um cara
e o que tenho
para lhe orfertar?
2 corpos talvez
e o meu começa
a despetalar-se...
Não tenho dinheiro p/pagar
nossas apostas
mesmo assim
dados
continuam
à rolar
pela mesa........


Rodrigo Chagas
15/06/08.

12/12/08


vertentes de cores mortas
iluminando o abajur da sala.
o fio condutor de tudo
está solto das paredes
do quarteirão da minha cabeça.
cabaços/candelabros,
mentes-luminárias
foram se apagando
de meu cérebro.



Rodrigo Chagas
12/12/08.

10/06/08


Estação da Lapa,
2 da manhã.
1 luz trêmula
ilumina um gato
à espreita.
Todas as noites
vejo roedores,
dezenas deles,
passeando por lá.
Fico observando
por algo...
Uma "louca" passa sorrindo
(Não sei de quê),
comendo o resto de uma quentinha,
provavelmente encontrada no lixo.
O felino se assusta
e sobe as escadas...
Minutos depois
avisto outro,
esperando...
Mas não há ação esta noite.
Meu pernoitão chega
e tenho que ir...
Onde há gatos
ratos não aparecem.

Rodrigo Chagas
10/06/08.

MCMXL


Eles estavam lá
Sentados na praça,
de madrugada,
entre placas de mármore
que mais pareciam
lápides de cemitério,
enquanto discutiam
sobre a vida
e que diabos de ano
era aquele que estava gravado
nas placas,
números romanos
nunca foram
o forte deles...
Passavam entre as mãos
uma garrafa
que continha um trago
& não era dos melhores.
O que esperar
nessa cidade?
Carros passam longe
& garotas mostram
os seios
distantes - e velozes - demais
p/eles,
suas mãos
e amores...
mas nunca
para seus sonhos
& desejos.
Lá estavam os rapazes
de sapatos furados
e calças surradas.
Fazia um pouco de frio,
mas nada que o conteúdo etílico
não tratasse de apaziguar....
E assim
a noite
e os carros
e os sonhos
foram passando
na cidade.....
O esgoto
se juntava as ondas
do mar
e a solidão
fazia
cada um viver
seu mundo.
Assim é aqui.
O sinal fecha
& 1 carro bate.

Sangue
 nos
Jornais ! ! !

Rodrigo Chagas,
08/06/08.

27/06/08


Sonhei
que um gato
entrava
em minha boca.
Ele dizia
que havia
um Demônio
dentro
de mim.
Estava tentando tirá-lo.
Morloch!
Assim era
chamado
o Demônio
que habitava
minhas entranhas.
Em vão o felino
tentou
  &
tentou...
Mandou-me
ir numa Sinagoga,
mas eu não sou Judeu...
"Então reze, reze..."
Contei o ocorrido
p/um amigo Rabino.
"É um chamado de Du´s
para você reencontrar
seus ancestrais"...
Outro camarada
falou que Morloch
era o Senhor das Lágrimas
e que trazia o frio consigo.
Na mesma Noite
- & Sonho -
Uma Profecia
anunciava
que a Terra estava enferma
pois as pessoas eram enterradas
com suas doenças nela.
Quem morria de câncer
deveria ser sepultado
com cimento vedado
ou
em caixas
metálicas soldadas.
Só assim
descontaminaríamos
o Solo Sagrado...
Naquela noite
o inverno
chegou.

Rodrigo Chagas
27/06/08.

28/06/08



Chegou,
olhou o mar,
o farol,
a brisa
e toda a extensão da praia.
Desafrouxou
a gravata,
tirou o paletó
e os sapatos...
Sentiu a areia
nos pés,
aquela sensação
estranha que dá
ao pisar nos grãos
calçados
com as meias.
Colocou a valise
do lado direito
a as roupas
do esquerdo.
Tirou da maleta
uma Colt 45.
Bala na agulha
reluzindo ao pôr-do-sol.
Levantou a arma,
na altura da fronte,
disparou 1 tiro.
Matou 2 andorinhas.
Pensou que seria
mais fácil
atirar
em si mesmo.


Rodrigo Chagas
28/06/08.

II pseudo-poemas que nunca corrigi:


"O último Pseudo-Poema de minha Vida" (Assim eu acho).

Nós éramos tão jovens & tolos, meu caro
tocando & ouvindo velhas canções
escrevendo palavras ditas
e lendo todos aqueles livros
achando que tudo aquilo nos salvaria.
Agora nada é mais como dantes.
Quem se importa
se
escassearam
as palavras?
E de sede
estamos perecendo agora.
Sede
Sedento
de algo,
mas agora tudo soa o mesmo
- E isso é uma merda -
Perdi-te em algum ano meu camarada
Você (e eu) ficou para trás
presos na memória
"de outrora". A pena quase escreveu,
mas agora o tempo e as palavras
são outras
não fazem sentido algum...
e tudo isso é uma merda, eu juro...
Não consigo achar as palavras
mais bacanas enquanto as escrevo
no papel.
Elas vão aparecendo e tornando-se
sem graças...
Escrever não é exercício,
tem que ter inspiração.
Senão da mão do poeta
as caligrafias do bêabá
seriam sinfonias para nossos olhos...
Eu escrevo
E  escrevo
E  nada!
Nado nas palavras
e pesco os clichês...
Droga!
Letras, vocês me salvaram tanto
algum dia...
E agora me deixam,
mal acostumado...
Sobraram-me as canções
por enquanto...
Daqui a pouco
vou perceber
que realmente
não eram nada demais...realmente...*%$@#


------------------------------------


Os poemas tinham que ser lindos,
arrebatadores.
Extraindo como uma broca de dente
o ciso escondido,
rasgando a carne,
sangrando mostra-se a você.
Puxando do fundo
tudo aquilo que queríamos dizer
mas por algum motivo
não consumou...
Incompetência?
Você sente inveja,
o ama,
venera
e odeia.
Assim é um bom poema.
Tiro e Queda.
Como um corpo estatelado na calçada.
Não sobra nada na cuca.
Tá tudo lá esparramado no chão.
Sangue Azul Tinta
no papel.
Raaaaaaaaaaaaasg______________

___________________________________
um risco na carne desvelando a (C)alma.




Rodrigo Chagas
18/06/07

Escrito no 2o semestre de 2007 (ou no 1o? )

Ela roubou um livro de Dalton Trevisan
da biblioteca da escola...
Em plena luz do dia.
Com ele sob o braço.
"foi por sua causa", ela disse.
Foi por minha causa também
as lágrimas e sorrisos.
Agora eu sou incentivador de delitos.
Pessoas roubam por minha causa,
poderiam perder as mãos,
cabeças
e sentimentos.
Agora Rodrigo Chagas
influencia uma garotinha
de 18 anos récem-completos
ao furto...
Pelo menos é de um livro.
De um dos bons - entre tantos...
Depois dele ela pode roubar
outras coisas de outros garotinhos...
Pelo menos isso
ela aprendeu comigo.

Rodrigo Chagas.
Escrito no 2o semestre de 2007 (ou no 1o? )...que achei perdido por aqui em casa...

23/12/07


Foi limpar a dentadura
e morreu.
Assim: Rápido e de repente.
Encontrei-o já morto.
Cheguei junto com seu filho
e encontrei o velho
corpo no chão
e a dentadura na pia.
1 marca de pancada na porta
com uma de sangue também
um pouco abaixo do lugar da porrada.
isso foi no Natal
do ano passado,
num dia quente como esse.
que cada dia mais
fica pior,
segundo os jornais.
coloquei-o no colo do seu filho,
na verdade nos braços dele...
Estava ele, o filho,
Sentado na privada,
e ele, o pai,
num pequeno banco de madeira que achei.
Peguei sua perna,
a do Sr º Morto,
cuidadosamente
e coloquei-a na posição correta,
para não machucá-lo,
mesmo ele - e a perna –
não tendo mais vida(s).
Olhar para pai & filho
Sentados daquela maneira
no banheiro
realmente
não foi nada animador
- e nem tem como ser -
ao tocar na morte do corpo
foi algo estranho,
mas não tanto quanto imaginava,
não tão pior quanto
saber que ele estava
realmente
morto.
Sabíamos disso,
mas nesse caso
queremos ficar até o último
minuto
acreditando
na vida.
Deve ser árduo
carregar
o cadáver
do próprio pai.
O peso da perda
é bem maior
que o da massa muscular,
mesmo que velha.
Tivemos que chamar
1 cara na rua
e eu + o homem,
da rua,
tivemos que carregar
o cadáver
pela casa,
assim como fazem
os açougueiros
carregando carne morta.
Fiz com cautela,
pela amizade com o corpo sem vida quando vivo.
Levei-o pelo chão
forrado de jornais,
olhando os antigos móveis
até chegar na cama,
até os médicos chegarem
e dizer
que ele
estava
realmente
morto.
1 medico,
dizem,
tem o saber
e a ciência
de distinguir
entre
a
vida
e
a
morte.
Eu suspeitava,
mas não queria
definir a morte
de um pai
em pleno Natal.
Deixei essa tarefa
para eles,
os médicos,
afinal são pagos
e estudam para isso.
É o que falam
os livros
e a História.
Lá estava ele,
O velho senhor,
no ano passado,
morto,
em cima da cama,
com a dentadura
colocada de volta
à sua boca.
Não tão bem colocada
como ele,
o Senhor Morto,
colocaria,
mas as suas mãos
- e ele -
não existiam mais,
nem naquela hora
e muito menos
Hoje.
O rabecão chegou
e levou o corpo
para geladeira..
Para ser aberto
no outro dia,
depois da ceia,
das luzes
que aparecem
e apagam.
& os curiosos
olhavam
& riam
para o corpo
dentro da cama
de ferro.
Nunca entendi
por quê as pessoas
olham & riem.
Talvez porque
dessa vez
não foi com
eles,
passou de longe,
nem raspou o travessão,
na verdade
eu acho que eles
são estúpidos,
mas no lugar deles
outros poderiam
fazer o mesmo.
Lembro da filha
do Sr º chegar
e me agradecer pela ajuda,
apesar de sinceramente não saber qual,
apenas removi a morte
de 1 cômodo para o outro,
mais limpo e honrado
do que um banheiro.
Ela chorando
perguntou-me
como falaria ao filho
que o avô morreu,
em pleno Natal,
no dia do aniversário
do filho dela,
e como ficaria
a festa e essas
coisas...
sinceramente
nunca entendi "essas coisas":
Natal, morte, festas...
Quem sabe
o coroa
na verdade
é quem estava
numa
bem melhor
que essa daqui,
que já acabou
faz tempo.
Acho que já
está na hora
do menino Jesus
desligar
as luzes
pisca-pisca (que vão e vem)
da manjedoura
e botar
suas mãos
- e trombetas –
em obra.


Rodrigo Chagas.
Salvador,
23/12/07.

"A Dor. Que negócio estranho"


Eu gostaria de morrer
antes de todos meu amigos,
amigas, Pai & Mãe....
Embora alguns já tenham ido,
eu queria partir antes deles...
Deus, que tipo de vida
você nos meteu?
Que enrascada!!!
Ela existe há milhões
de
anos
e quem
poderá
explicá -
la?
Droga...
Nem cabe a mim
esse tipo de:
Pesquisa/Pensamento/Resolução.
E agora?
O que faremos perdidos aqui
depois de toda essa noite
que não sabemos ao menos
em que lugar o interruptor
se localiza...

Rodrigo Chagas.
05/12/07.

14/12/2000

"A vida é uma comédia de humor negro.
Mas você tem que rir com ela,
senão apenas ela irá rir
de suas próprias piadas."

Rodrigo Chagas

14/12/00.

Cágados, gatos & etc...


Cágados,
Cágados.
Um monte deles.
Acordo 5 da matina,
na verdade 04:57,
despertado por Cágados
um monte deles..
Na verdade 4,
2 pequenos,
1 médio
e 1 grande, por favor......
Eles mordem forte
meus dedos,
quase arrancam.
Não adianta segurar
por trás deles.
Voltam o pescoço e
NHAC!
Abocanham os polegares,
indicadores e os mindinhos...
Deixo o menor cair
e espatifar-se no chão.
Pobre coitado.
Pequenos pedaços
p/todos os lados.
As formigas removem
seus cadáveres..
Não sabia que os pequenos
podiam ser tantos.
Cágados são bacanas,
mais que gatos.
Gosto de gatos.
De cachorros também,
mas na verdade
só gostei mesmo de 1.
Que a carrocinha
levou & executou
quando eu tinha 14 anos.
Foi-se embora
um dos melhores camaradas
que me acompanharam
pelas ruas & praias
da cidade-baixa.
Do Roma até
a Ribeira e Bonfim.
Passando pela Pedra-furada
e o Humaitá
não nessa ordem
necessariamente.
Os gatos estão no hype
então
"se hay hype,
soy contra".
Abominei os gatos.
Todos tirados a cool
têm 1 gatinho.
Todos os tirados
a poetas, escritores
cantores e etc...
Todos querem
tirar uma de bacanas com gatos.
Porque são solitários
e os gatos
são meio que fechados
e vivem num mundo
deles e etc.....
Só os gatos
que são seguros de si
podem compartilhar
com seus próprios egos...
MERDA PURA!
Eles não teriam
culhões - e elasticidade -
p/lamber o próprio
rabo e genitais.
O máximo que
chegam é
agachar-se p/babar
o ovo
de editores, produtores
e donos de gravadoras.
Os detratores dos pobres
felinos
dizem que eles
são interesseiros, os gatos.
Idiotas, não sabem de nada!
Não é pq não chegam
balançando o rabo, a bunda
com a língua
de fora
que se é bacana...
Se fosse assim
minha querida cidade
do
São Salvador
da
Bahia
venderia gente legal
as pencas.
Como bananas...
Aliás, por aqui somos
todos uns...bananas!
Nem caros, nem baratos
o preço é negociável
1 casa no campo,
1 barco na marina...
escolha o seu
e abane o rabo
e levante a bunda.
A Srª da casa ao lado
já acordou, é sinal
que o alvorecer já chegou...
Leio umas páginas de Céline,
depois procuro uma gravata preta
p/combinar com o sapato
e o chapéu...
Mas só acho a cinza,
dá pro gasto, espero...
Palavras saltitam em minha cabeça
enquanto tomo leite
com Nescau,
minha mana que comprou.
Água pura de manhã
dói no meu estômago ao cair nele.
Pego 1 papel da disciplina
de fundamentos filosóficos
do existencialismo
e entre Sartre, Heidegger
e Camus
eu escrevo minhas besteiras,
pelo menos
o Mosteiro de São Bento
serviu-me p/alguma coisa.
Cágados, Cágados
Cágados, um monte deles.
Na verdade são apenas 4.
Se eu soubesse se eles
existiam no jogo do bicho
apostaria neles
10 pilas...
Nos gatos também.
Nos cachorros não.
Só pq os tirados a brutos
os amam.
Outro dia Srº, hoje não..
Passe outro dia,
o consultório está cheio.
Não atendemos mais a PLANSERV,
PREVINA
entre outros.
Mas o Srº pode continuar
pagando todo mês.
Levante,
abane o rabo
que colocamos
supositório
de graça e com gosto de
gás...2 litros....
Cágados,
Cágados,
um monte deles.....
Mas minha namorada
diz que são Jabutis.
Ela não pode fazer isso
comigo.
Não ela.
Não se pode destruir
assim 28 anos de crença
e tradição.
Oh! minha pobre
- e doce - Bahia.
O que sou eu
sem vós.
Nem tu.
Nem eles.
Enquanto os pseudo-Cágados,
os verdadeiros ermitões
- e só eles -
comem um tomate
podre, alheio a tudo
- e a todos -
no jardim
de minha
velha
casa.

Rodrigo chagas
15/10/07.

Brincando Com As Palavras (I & II ).

Rodrigo Chagas, 12/02/07.

Brincando com palavras em horas vagas.
 

ai como queria remoçar com vc...
e fazer aquelas cosias que nem sei + o quê...
hoje é só-fa, janela, TV.
nem + lembro o bico dos seus seios,
nem o gosto do beijo da tua boca...
o número do apartamento
após anos de escadas subidas.
depois de 10, 15 outonos
qualquer coisa que fizemos
por 5, 10 meses
cai num esquecimento
tão profundo
quanto
o
aquilo
que
não
me lembro mais........
é isso
uma lembrança
vaga
na mente
como algo bom
tipo chupar o seio da mãe
nem isso eu me lembro
devia ser duro
e jovem...
ou não...
mas o seu sim era bom...
ereções
aaaaaah!
faz tanto tempo que lamento não lembrar de tudo daquele momento.
um rapaz
e uma moça...
e agora?
nem eu existo mais...
nem a lembrança de você direito tb....
mas se estivesse aqui agora
eu remoçaria
sua saia tiraria
e de tudo me lembria
eu metia e tu gemia...
aaaahhhhh!!!!
nem me importo mais
se meus poemas eram bons e sem rima
com ritmo e melancolia......
quando se precisam deles
quando se tem um pau duro
e uma bela rapariga deitada
na minha cama?
Eu deixo isso para os que não tem nada
ou perderam...
mas é isso...
faz tanto tempo
que nem um bom pseudo-poema eu sei + fazer...
quanto mais em lembrar de como era com vc...
...
e se um dia eu chegar eu me lembrar de seu endereço
em sua casa apareço,
sem saber se me tem apreço,
mas vc sabe que eu te mereço.
ah! nem de chaves eu preciso,
arrombo a porta que nem broca quando vê um ciso
entro em sua casa
& na buceta
e de lá num saio mais...nem que ranque trovoadas!!
 
++++++++++++++++++++++++++++++


Brincado com as palavras parte 2:


Coimbra
É uma
Câimbra
Que  dá na mente
     Da gente.
Tudo lá é diferente
Nem parece
Essa terra quente
Que hora é chuva
Outra é fervente.
"Ai que clima quente!
 Praliviar, só aguardente!"
Coimbra
Caramba
Tu me deixa
De perna bamba,
E olha que isso
Dá até samba,
E aqui o povo me esculhamba.
Mas lá eu sou
o Rei,
Chegando aqui
Esquecerei...
Já tomo esporro
E nem mal cheguei.
Só porque
Vim mudado
Já acham
Que virei gay...

2 Poemas para Zeca Magalhães.


Eu te esperei por toda vida
- Até o fim dela -
mas você não veio.
Como aquele domingo
que esperei em vão
e nada concretizei.
Por onde andavas glória
que nunca aparecestes
para me salvar?
Esperei-te até o último momento
e nada...
Nem sinal de você....
Talvez depois de minha morte
você apareça,
enquanto caminhava de mãos dadas com outrem,
brilhando com luzes douradas
outros nomes que não o meu....
Quem se importa?
Mesmo que não apareças
esperarei-te
por toda eternidade.
 

++++++++++++++
 
Nóticias ruins
são cavalos negros
como a noite
cavalgando na escuridão....
Chegam aos seus ouvidos
antes do pisar
nos teus ossos,
antes que perceba
a manada passou
por cima de você
e segue seu caminho selvagem
penumbra adentro,
noite afora...


Rodrigo Chagas
Ssa, 18/02/07.

(6 pseudos-poemas numa mesma manhã antes de dormir).

Rodrigo Chagas, Ssa - 05/07/06

Existe uma foto na parede
onde teias repousam
e meus olhos descansam.
A poeira habita nela,
assim como a imagem comida pelo mofo.
Eu a mantenho lá
pelos velhos momentos.
Após 99 anos,
teimando em guardar um momento morto.
"Nós sempre viveremos aí"
você disse.
Acho que é verdade,
após esses anos,
teias e poeiras
dá para enxergar o seu sorriso.
É para isso que a mantanho na mente
pendurada na parede.

------------------------------



Toquem os sinos das igrejas,
pois a sinfonia dos mortos
trobetam nos meus ouvidos.
É hora de ir,
toque mais uma vez Srº.
É o que necessito.
Nessa hora do adeus
eu odeio despedidas,
mas sei o momento de partir.
Rasga-se a dor
como papel amarelado...
Farelos ao vento.
Corre nas veias
um sangue adiado.
É o momento,
não se deve demorar...
Como um cowboy num velho western
você demora de morrer,
agonizando-se para todos os lados.
Seria bom que todos
soubessemos a hora de parar.
Pelo menos o brilho
ecoaria longe.

++++++++++++++++++
 
"Há + hóspedes no HeartBreak Hotel por causa de Rodrigo Chagas,
 Do que almas desoladas no purgatório de Dante"

Não há dúvidas
todas as garotas dessa cidade
sucumbirão ao meus encantos,
cairão como a babilônia,
sodoma & gomorra.
Não são groupies,
apenas se encantam
com o jeito que minhas mãos
deslizam sobre o papel
e meus lábios
cantam uma canção acre-doce.
Todas serão lançadas em minha cama
como mísseis jogados
pelos B-29´s
em Hiroshima,
nossos corpos
arderão em chamas
como Nagasaki.
Eu sou como um Nero
jogando Napalm em uma Roma pós-moderna.
Não Há jeito
todo assassino sabe
como cravejar uma faca em sua vítima.
E mais uma alma perde-se comigo.
 
------------------------------


"sem culpa" *

Oh!
Que estranho prazer
esse que toma meu corpo
ordenando, direcionando minha mente.
Para uma estrada não conhecida.
Escutando seus gritos
de dor,
arranhando meu rosto,
Eu sinto-me mais alvoraçado,
esmagando seu nariz
como uma banana amassada de papinha de bêbê...
E vejo o sangue te sufocar como uma boca gordurosa de fogão entupido.
Um monstro que habita em mim
sai e devasta sua pele.
Meu pau rasga a carne
como uma navalha afiada.
Oh Deus!
Como pode o demônio brincar
com minha razão?
Se eu pudesse parar,
mas não...
Vozes mandam-me cavalgar
como um Cézar
Rumo ao massacre.
 
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
O que vêem
os olhos doentes
da humanidade?
Risos permeiam os olhares,
semeando ódio.
Há algo que não consigo
tocar com a razão,
nem compreender com o coração.
Não é questão de rima,
nem ritmo.
Quem são aqueles que cometem crimes?
Como seus olhos saceiam
os desejos de suas mentes?
como podemos compreendê-los?
em que lugar guardam suas culpas?
Suas violências chocam-me,
destruindo tudo em mim.
Desabo-me como os corpos interrompidos.
Em suas mãos sangues,
em suas mentes o vazio.
E meus olhos não conseguem
captar sua compreensão.
 
------------------------------

O que nos impede
de avançar as leis
colocadas como um freio
em nossas vidas?
Existe um inferno
de gritos e lágrimas
que nos impede de transgredir.
Mas os que são surdos
e cegos para o enxofre?
Quais seriam seus tormentos?
Não suportaria a chegada da dor alheia,
mas para outros essa proximidade
nada significa.
O que nos deixa desse
ou do outro lado da linha?
Decisões?
"ora meu caro, deixe de indagações adolescentes,
você não é mais um garoto..."
Ok.
Mas são quase 7 horas da manhã
e os assassinos já estão acordados,
enquanto outros contam cordeiros
em sonhos pintados de vermelho.

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*Ps.: No poema "sem culpa", pensei como seria um poema escrito por um psicopata, na hora de cometer um crime bárbaro, creio que os outros poemas "se encaixam" dentro de um contexto de "culpa" e psicopatia.

10/11/06


Tem um carro funerário parado ali na frente
da minha porta
2 homens descem
e buscam o velho cadáver.
todos sabemos
que uma hora é a nossa
e eu pensava
naquele homem
por anos e tempos
olhando para o mesmo teto do quarto.
Às vezes
o levavam para tomar sol,
esquálido,
sentado numa cadeira
com um boné vermelho.
"Meu avô gastou tudo para meu pai não gastar nada"
meu amigo me disse.
Deus, ninguém merece sofrer ao longo desses dias & meses.
"ele quebrou o fêmur, não vai voltar + a andar".
e lá ele ficou, no quarto,
e dias após noites
ouvia um velho rádio
assistia a mesma televisão.
Até hoje
que depois se tornará
amanhã
e então nem sei mais...
Passo pela mesma casa
e olho para a janela escura
não existe mais luz
nem ele...
apenas os dias...
para mim...
e por enquanto...


Rodrigo Chagas.
Salvador,
10/11/06.

11/05/06.

Eles estão ganhando
avançam as jardas verdes
como um exército pronto
para um massacre.
Estão no campo de ataque
quando você chega com as 2 malas
e coloca-as no chão.
Um barulho surdo,
signifique isso o que significar,
mas foi assim que ele chegou aos meus ouvidos,
como o meu cérebro captou
e meus dedos agora descrevem.
Sei que está indo embora,
dizem que todos vão algum dia.
Agora chegou o seu,
o meu também, para alguém,
mas não definitivamente para mim...
Um dia, mas não agora...
Para a eternidade ainda falta muito.
Mais que um salto...
Afinal é a eternidade,
deve-se demorar um bocado...
Eu acho...nunca fui bom em achismos e certezas.
O que posso fazer?
Afinal 2 derrotas no mesmo dia é muito,
mesmo para quem está acostumado a perder.
E eles avançam com bola e tudo.


Rodrigo Chagas.
11/05/06.

+ 2 Poemas de um dia só:

A chuva cai fina pela manhã
no jardim em frente a minha casa.
Pelo vidro da porta
observo as gotas tocando
as pequenas folhas verdes.
Não há culpa em mim.
O arrependimento não povoa minha mente,
nem em meu ser.
Não sinto a culpa cristã
pelos erros que cometi.
Se o criador está morto,
tudo me é permitido.
Foi o que disse aquele escritor russo
e certamente inspirou
o alemão com grandes bigodes
que a sífilis devastou a alma.
O sol aparece e toca o pálido corpo inerte na varanda.
Eu o observo,
na sua beleza cadavérica.
Branco como a pele de cordeiro.
Nas minhas mãos o sangue escorre
como nas daquele jovem russo
num velho - e longo - livro
que repousa empoeirado na minha estante.
 

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Eu gosto quando as nuvens
passam pelo sol e o dia escurece...
e meu quarto fica na penumbra.
Não é a questão de preferir a escuridão.
É a sensibilidade dos meus olhos.
Acostumados a sombra e a obscuridade.
Ultimamente prefiro também as canções
escuras e negras.
Há nelas algo que a branquidão das nuvens
não conseguem alcançar...
Talvez por causa do sofrimento
e esquecimento daqueles que passaram
a vida à deriva...na margem, na borda fina...
na verdade não é uma questão
de pele ou cor...
O blues toca-me como as nuvens
e o luto me veste de preto.


Rodrigo Chagas
20/02/2006.

 

3 escritos num dia & numa canetada só:

 
os monges possuem
hábitos que eu não tenho
deuses que eu não rezo
e amores que escondemos

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

deitado na cama do meu quarto
eu observo pela janela
a chuva caindo pelas telhas e calhas...
ela é a mesma que jorra bruscamente por todos esses anos,
por todos esses dias...
apenas a vista que tenho delas mudou.
o concreto impede-me de ir – e ver – além.
uma parede a poucos palmos sepulta os meus olhos.
tomaram-me muitas coisas nessa vida.
agora nem as estrelas eu posso ver,
roubaram-nas do meu próprio quarto,
da minha própria janela.
o preço do progresso é alto.
e seus muros também.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Tautologia dos opostos


nossos erros é o que nos une,
que corre no nosso sangue, na nossa perversão.
nossas fraquezas fortalecem a nossa irmandade
e foi ela que selou nosso batismo num quarto sujo de hotel.
o que nos tornam iguais são nosso pecados
e nisso eu e você somos experts
sucumbimos juntos aos nossos desejos...à proibição...
é o humano que faz de nós 2
iguais e semelhantes
nessa vasta imensidão das diferenças.
 

Rodrigo Chagas
14/02/06.

21/01/06

Eu conheci uma garota
que rangia os dentes enquanto dormia,
como um rolo compressor ao passar no asfalto quente.
Não me lembro seu nome,
ela tão pouco o meu...
Mas minhas mãos acariciavam sua tatuagem
de uma maneira suave...
- De uma maneira suave. Ela disse.
Quantas pessoas precisamos amar - ou dormir
para saber que não estamos prontos - de alguma maneira.
Mãos suaves como teias na estante.
Eu pego um livro,
ela grita sonhos de uma dia ensolarado.
Um nome e uma data passada
estão no início do livro...
Eu queria ser Sam Shepard
cruzando o paraíso em motéis baratos
e rangendo dentes...
e moendo amores...
- Sua barba está grande demais, ela disse.
E eu concordei.
 

Rodrigo Chagas
21/01/06.
 

The "Angels doensn´t laugh"

Hoje é uma daquelas
noites quentes
de verão
em que o suor
evapora do seu corpo
antes mesmo de ser consumado.
Eu rolo pela cama
- a noite inteira -
até acordar com os pensamentos
rondando minhas idéias.
E penso naquilo
que você me disse essa tarde.
Sobre anjos que não sorriem,
eles choram tristes
sobre nossas sepulturas.
Apenas Querubins & Serafins,
pequenos pedaços angelicais,
esboçam sorrisos,
mas não os anjos,
eles não riem,
apenas os demônios fazem isso.




  The
"Angels doensn´t laugh"

Rodrigo Chagas
Ssa, 21/12/06.

"Então é Natal"

O Cristo atormentado na cruz
carrega os meus pecados
e os seus
e de toda humanidade.
Nesse Seu aniversário
eu gostaria de deixar p/Ele
Todo um ano de minha humanidade
sob os Seus pés,
com meus acertos e incertezas,
e agradecê-Lo
por deixar toda a culpa
e tormentas
para que todos os anos
e depois
eu possa inocentar-me
pelo sangue
do cordeiro.
E continue
minha condição
sempre errônea
de ser humano.



"Então é Natal"

Rodrigo chagas.
Ssa, 21/12/06.

19/08/05 (2 Poemas)


Você e eu somos uma foto amarelada

em lembranças vivas num papel P&B.

Eu durmo todo dia ao amanhecer.

A chuva toca a janela

e o sol abre as cortinas.

Não suporto mais meus pensamentos...

Minha mente transborda

e lá fora os pássaros cantam o novo dia

que cada vez soa o mesmo.
 

******************************


Velhos amigos de anos passados

se escondem sob a alcunha

de estranhos para mim

na galeria morta

da minha mente caduca.

Alegres dias

são agora poeiras

da memória.

Eu sopro-os ao vento

que nada me traz de volta.

E a barba

continua a arranhar

meu rosto insone.



Rodrigo Chagas
19/08/05.

19-03-05


Na busca desesperada
de alguma coisa
você quer tocar o céu,
mas cai no inferno.
Destroçando corpos,
partindo corações,
afundando sua própria alma
numa lama fétida.
em busca da salvação
a obscuridade de lábios cintilantes
te transforma num tolo.
Os olhos desmancham-se
em lágrimas,
Os membros moem-se em dores.
Você perde a palavra
e o corpo perde a razão.


Rodrigo Chagas
19-03-05.

The Losers Generation


Os rostos dos meus amigos – e amigas-,
que guardo em minha mente,
são de crianças e adolescentes
esperançosos por um futuro promissor.
Muitos deles foram esmagados
e jogados a sub-empregos.
Engolidos pelo sistema,
abandonados pela sociedade.
Uma boa parte deles venceram à sua maneira...
Não que os outros não lutaram, apenas "perderam".....
E é sobre eles que eu quero falar.
A Geração de Perdedores, à qual pertenço.
Os pequenos rostos são o que procuro proteger
em minha mente cansada.
Não gostaria que cada ruga, cicatriz
ou sinal de cansaço que a vida impôs
manchasse o pouco do que lembro dessa tenra época.
Nem os mortos, nem os feridos serão esquecidos
no livro dessa Geração.
Cada um tem seu nome escrito nele.
Seja com dor, sangue ou lágrima.
E até mesmo suor,
nós os escrevemos com dignidade e força,
nós lutamos,
mas "perdemos" se você acredita em derrota.
Em algum lugar esquecido no calendário humano
nós somos mini-heróis.
Em aventuras pelas praias da cidade-baixa,
pela odisséia noturna tentando em vão
salvar a noite perdida.
Nossos escudos eram canções
e a fraternidade da nossa confraria...
É pelos velhos dias que clamo por vossos nomes,
meus queridos irmãos e minhas amadas irmãs.
Pelos momentos em que a bola
e os segredos dos mares
amenizavam o que estaria por vir.
Estamos aqui, décadas depois,
"derrotados" e cansados,
mas de alguma maneira vivos
e estranhamente felizes,
pois somos a Geração dos Perdedores,
e a poesia de participar dela
nos torna mais fortes.
E nos encontramos em algum lugar perdido na nossa memória...
...e nos demoramos lá....
...para sempre...
Por mais que o sexo
e a idade nos proporcionassem novas experiências
é para lá que o clarim soa
e ecoa em nossas mentes.
Vamos lá velhas-crianças,
Pós-adolescentes...
Vamos atender o chamado,
dos dias perdidos,
assim como nós,
derrotados pelo tempo.
Eu lembro e amo o rosto de cada um,de cada uma...
de cada rosto morto pelo tempo......
São eles que eu quero de volta,
Raspo minha barba
e pego o velho uniforme
para entoar convosco
Nossos velhos hinos...



Rodrigo Chagas.
26/08/05.

Um belo dia de Novembro (Rubro era o seu sangue).


Ela estava linda olhando a janela
em um belo dia de Novembro.
O tratamento de choque
queimou o seu cérebro.
Mas ela estava linda
em seu roupão branco,
com o emblema do hospital.
Eu ainda a amava,
mesmo ela dizendo que nunca mais
amaria de novo.
Seu corpo era um santuário
de um Deus morto,
para sempre esquecido,
não por ela,
mas por um mundo
de dores e tratamentos de choque.
Eu ainda a amava
e pude vê-la atirando-se
do 21º andar,
corri p/segura-la,
mas Newton não podia estar errado.
Ela estava linda olhando pela janela
em um belo dia de Novembro,
as pessoas lá embaixo não entendiam
o porquê.
Apenas eu e ela.
Eu achei lindo o vermelho
do seu sangue na sua roupa branca.
Mas agora só podia olhar,
ela voou de encontro ao seu Deus morto.
Eu teria que esperar minha vez.
E prometi p/mim
que nunca a deixaria
esquecida em algum lugar da minha mente.






Rodrigo Chagas
Escrito em Algum dia do primeiro semestre de 2003.

Figos

Digitado a o som de "Our love is here to stay", Coverizada pelo Harry Connick Jr.
 

- Você gosta de figos? Pergunto para ela.
- São gostosos porquê?  Ela respondeu.
- Gosto da cor deles, acho-os engraçados também!
- Engraçados? Não vejo graça nenhuma em figos.
- Talvez seja por isso que você está assim.
- Assim como??
- Olhe, veja para você mesmo garota!
- Não me venha com filosofias baratas de figos engraçados..

Toda vez que me lembro dela esse dialogo vem em minha mente. A garota que  não achava os figos engraçados, ainda não deve achar..
Eu acho o jeito deles engraçado, o que posso fazer?
Achava também a mecha colorida do seu cabelo engraçada, não ridícula, mas  engraçada. 

Vou até a geladeira e pego um figo. Não o acho "engraçadinho"  nesse momento, apenas como-o. Aonde ela estará agora?
Aquela cidade é grande, cinza e barulhenta. Eu nunca estive na verdade lá...   

Ela contou-me como era a terra dos prédios altos e das fumaças dos carros,  assim como contou-me dos figos, das dores e dos amores  perdidos no tempo.  
Eu mordo o figo e percebo que o gosto não é tão bom para mim como a  aparência engraçada é. Como posso achar engraçado  algo com o gosto ruim?  Acho que é por isso que penso nela tanto...
              
                                 
Rodrigo Chagas
                                      23/01/03.

Technicolor


White people,
Black people,
Yellow people,
Red people,
Blue people...
I´m tired
of these
fuckin´ colors...

 
Rodrigo Chagas.
23/01/08.

Bossa Nova

Nosso amor desapareceu
como um passeio que nunca aconteceu
o sol se escondendo no mar
e as crianças no parque a brincar...

velas de barcos brancas no céu azul
o vento bate no meu rosto
e nos leva adiante...
e nesse mesmo instante
eu percebo que nada nunca era para ter acontecido...

nem eu, nem vc...
como passeios inexistentes...
nós nunca acontecemos...
 

Rodrigo Chagas
*Sem data - 2005.
Uma tentativa frustada de escrever uma canção Bossa-Nova.

"Para uma garota de aparelho, num quarto quente, em um bairro solitário de Salvador"


Eu gostaria
de poder beijar
seus lábios
sem o gosto amargo
do metal e da culpa.
Mesmo com o medo de
vê-la se afastando
porque não queria aceitar
o quão próximos estávamos.
Eu até suportaria beija-la com o gosto do metal,
mesmo ferindo sua boca
mesmo sentindo o gosto do seu sangue...
Se eu te machuquei
foi pq fui afoito,
apaixonado
Não por leviandade
nem por agressividade,
sou apenas um
garoto bobo,
perdido num mundo
cheio de promessas
e salvadores.
Eu suportaria
o gosto metálico e amargo
em sua boca
mas não uma lágrima
que escorresse o
meu nome.


Rodrigo Chagas
* Sem Data, mas escrito em 2003, provavelmente entre Janeiro e Março daquele ano.

Tava olhando meus velhos escritos e algumas canções e achei frases soltas e tinham algumas como essas:


"Algumas garotas
 deixam-me incrivelmente irresistível
 e estupidamente ridículo"

"minha vida são canções
 e sentimentos
 que eu não entendo".

"um fogo consome-me
 e minhas lágrimas
 não conseguem apaga-lo".

"o amor é lindo,
 o sexo excitante
 e as palavras clichês"

"O Solitário Cowboy Bill
 vaga ans ruas vazias da downtown
 e seu grito mudo explode na sua cabeça,
 um vaso se rompe
 e a loucura habita o cerebelo"

"Um dia os cabelos
 e os dentes caem,
 os olhos fecham,
 os ouvidos param
 e a juventude se vai..."





"um garoto solitário numa noite de chuva.....
  
se em uma noite de chuva
ela diz adeus
e vc não tem vinho na geladeira
as canções de dores de cotovelo
servem p/alguma coisa...
"

"Porque os balões
cor de rosa não falam,
eles flutuam até o chão...
E os olhos verdes dela sorriram."


"A boca é o 1º lugar que
 eu queria que vc me beijasse.
 Um beijo se perde no corpo."
 

Rodrigo Chagas
Escritos de 2005 pra trás...provavelmente de 2004 pra trás...

05/03/04

"...sairei nu pelas ruas,
 beberei um pouco da tua inexistência
 e aí ficarei embriagado
 com o vazio...
 é o fim...
 queria morrer..."

Rodrigo Chagas, 05/03/04.

"Você morreu e a vida continua chutando nossos traseiros"



Todos nós
temos pensamentos
mesquinhos.
Eu, você, minha mãe,
seus pais...
Quando ele morreu
você não titubeiou
1 segundo em
ser feliz...
Ser o único - e vivo -
melhor (?)* de sua cidade...
Não o culpo por esses sentimentos,
muito menos à mim por
essas palavras...
É a fraqueza humana...
Pensamentos suicidas me vem em mente
todas as noites...
E eu torço
pelo silêncio
do meu sono...




Rodrigo Chagas
05-12-04.


_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _


* Coloque aí a "profissão" ou o status que vc quiser.

Suicide Tales of a Weakness Mind:

Se o meu pulso
abrisse como uma rosa vermelha
uma pétala de sangue
cairia do seu olho azul?

O Jesus moderno é um white trash
bebericando uma Heineken num posto
a beira de uma auto estrada,
com sua barba ruiva falha,
camiseta branca rasgada,
jeans surrado,
botas de réptil gastas
nos desertos da peregrinação
e a palidez Hollywoodiana
pintada pelos Anglo-Saxões saqueadores.

Pediu ao Pai
que não vencesse
todas as guerras
e perdesse todos seus filhos
com as cabeças estouradas
no campo de batalha...

Jesus pega seu boné
de caminhoneiro
e vai embora pela porta,
de longe da minha mesa
sombria e ensangüentada
eu vejo o salvador
fechando a porta do bar
e a luz de néon
se apagando...





Rodrigo Chagas, 27/02/04.

Pseudo-poema sem nome sobre minha filha putice:


Existe uma imagem de você
que guardo na lembrança,
de todos esse anos passados,
da minha porra escorrendo em sua face,
descendo dos seus olhos verdes até sua boca aberta,
esperando por algo que estava por vir...

Poderia guardar seus olhos verdes
olhando para mim
enquanto seus ouvidos
captavam alguma velha canção de amor
Nós somos o número 27...
de orgasmos perdidos em camas de todo o mundo...

Existe uma diferença entre mim e você,
que nunca saberei responder,
é quem joga com quem,
mas isso nunca saberemos

OK! BABE!!
sou Rodrigo Chagas o FILHADAPUTA
enquanto vocÊ se escora numa situação
melhor que a minha de escroto.

Você espera por mim enquanto a porta está encostada,
pq eu te amo quando ela está fechada,
e o mundo nos esquece em um quarto
quente e pervertido numa salvador de quase 40 graus
enquanto um ventilador roda freneticamente
tentando em vão lutar contra o suor
e os líquidos que ejaculam de nossos sexos...

Você mostrou-me o orgasmo feminino
sentada numa privada suja
do banheiro da empregada...
eu te mostrei o quão filha da puta posso ser
e te fazer ter um outro orgasmo na privadinha
que fica escondia nos banheiros dos fundos...

Sua posição é melhor que a minha,
isso eu sei,
por isso guardo de você os olhos verdes
esperando minha porra tocar seus lábios,
esperando algo de gosto ruim que está por vir
e você não tem medo de provar...


Rodrigo Chagas, 22/05/04.