quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Elegia a Maradona.

Como é a vida...meus amigos fazem um podcast sobre futebol e cinema...por causa da pandemia a gente não podia mais bater o baba e então a galera começou a gravar um podcast muito foda...eu quase fui membro oficial...mas não tava bem para ficar oficial. Até agora foram 13 episódios e eu ouvi os 12 que saíram no ar...teve um que é sobre um filme muito bom, fui assistir por conta do podcast, não conhecia o diretor e assistindo o filme dele "sobre" Maradona, intitulado "O caminho de San Diego", que fala justamente de um Argentino da província louco por Maradona (Argentino louco por Maradona é quase uma redundância...e não é por menos), que enxerga num tronco de árvore a imagem de Diego Maradona, como o eterno camisa 10  da Argentina tá internado, quase morrendo, o rapaz resolve ir até lá, numa jornada pelo país, entregar esse tronco de árvore (Que realmente parece com Don Diego, mas claro o cara tb deu uma "ajeitada" no tronco), gostei tanto do filme que assisti a outros 2 do mesmo diretor, Carlos Sorín...nessa película, fiquei imaginando como seria se Diego viesse a adoecer novamente e morresse...ou se tivesse morrido naquela época, eu lembro da comoção, mas não sabia que era algo sério na época...passado uns meses eu gravei minha 2a participação no podcast (a 1a foi sobre o filme mexicano Rudo y Cursi), foi um especial sobre os 60 anos de Don Diego Maradona, comentando sobre o documentário sobre ele filmado pelo genial Emir Kusturica...nesse doc eu pude ver mais a fascinação pelos hermanos com Don Diego, mais jogadas espetaculares, e sua fascinação também a nível mundial, pois Kusturica é sérvio (curiosamente um outro filmaço me apontou há uns anos a grandeza mundial de Maradona, "Juvendutde" de Paolo Sorrentino, não que não soubesse da grandiosidade de Maradona, mas essa adoração fervorosa e fama mundial eu não sei até que ponto eu "entendia" e nesse filme do Sorrentino não fala que é Maradona, mas você sabe que é, só não tem o nome, mas até as tatuagens são as mesmas e o drama do personagem, aliás, me deu uma suspeita aqui e fui googlear sobre Paolo Sorrentino e vi que ele é de Nápoles, então entendi tudo, em termos de Títulos, em nenhum lugar, Maradona foi tão grandioso e vencedor do que no Clube Napolitano, + uma googleada rápida e vi que Sorrentino é torcedor fanático do Nápoli, tudo explicado)...voltando ao filme do Kusturica, fiquei mais próximo de Maradona, suas jogadas, sua posição política revolucionária (Que eu já sabia um pouco e não nego ter uma gigantesca simpatia/admiração por seu posicionamento político) e fiquei bastante emocionado...a sua luta contra o vício, a adicção, um homem com suas glórias e seus demônios...no podcast eu comento sobre o chamado "Gol do Século" que ele faz no triunfo da Argentina contra a Inglaterra (mais do que um jogo de futebol, uma partida política em vários sentidos) falei que o maravilhoso gol de certa forma "resume" a sua carreira...uma belíssima jogada, plástica, em que ele vai driblando lindamente desde o meio campo, até a pequena área adversária e um oponente dá um carrinho nele, "estragando" a beleza de toda a jogada, mas não matando-a, e ele caindo, faz um belíssimo gol...mesmo caindo...cai na glória...fazendo o que há de mais importante no futebol, o gol...tem a genialidade, a beleza plástica, um oponente querendo derrubá-lo...mas ainda assim...ele triunfa, mesmo caído, faz o gol...e triunfa...uau!

Fico triste quando aqui no Brasil falam de forma escarniosa do vício do cara...detratando-o ...é uma doença...um vício...e não uma coisa criminosa ou de uma índole perversa...Maradona nunca foi perfeito (nem dentro de campo e nem fora dele), nunca foi santo e foi um ser humano (embora seja Deus para muitos), todo ser humano tem suas falhas e erros...quando Aécio Neves na eleição era subjugado por seu vício em cocaína, pela galera de esquerda, chamando-o de cheirador, eu achava aquilo bizarro, mesmo odiando a direita, mesmo jamais votando nela, e não gostando de Aécio, achava bizarro isso, de julgar o cara por um vício, logo a esquerda que se diz humana e fala do politicamente correto...não é politicamente correto não julgar alguém pelo seu vício, é o certo, é criminoso ficar julgando alguém por uma doença...uma "fraqueza"...não sabemos os fatores fisiológicos e psiquicos que levam alguém a um vício...e muitas pessoas que apontam o dedo cara os erros de alguém, não se lembra da sujeira que esconde em suas mãos (e outras partes do corpo)...e aqui no Brasil sempre falavam isso de Maradona, tratando-o como um cheirador...um cara bizarro porque usava drogas...enquanto Pelé, considerados por muitas pessoas como o maior jogador de todos os tempos (embora isso seja controverso, realmente Pelé é algo único na história do futebol), o Rei Brasileiro (e mundial) fez várias coisas bizarras fora de campo...não foi nenhum santo...e teve uma filha que morreu sem ele não ter reconhecido nunca, mesmo o DNA comprovando que era o pai...Maradona tb teve um erro desse tipo, mas em vida reconheceu um filho "bastardo" (termo bizarro esse, mas usei aqui entre aspas, pra enfatizar mesmo)...dizem que tem Don Diego tem outro filho fora do casamento, mas não sei dizer exatamente a respeito disso...mas enfim...o Brasileiro em sua hipocrisia moral, ficava nos estádio cantando isso a respeito de Maradona...bizarro...bizarro...não tinha o que falar do cara dentro de campo e usava um xingamento idiota para minimizar o craque argentino...típico de uma galera bizonha que temos no país cada vez mais...enfim...tudo isso para dizer que por esses tempos eu me aproximei mais de Maradona, gravei o podcast no sábado antes de sua morte...apenas 4 dias antes...e pensei nisso...sobre a morte dele...que estava doente e se ia sair novamente dessa...mas infelizmente não...perdemos todos uma lenda...e lendas cada vez mais vão desaparecendo...uma pena...descanse em paz Maradona...o mundo agradece pela sua passagem na terra...com seus erros e acertos (& belíssimos gols e jogadas genias é claro)!


Rodrigo "Sputter" Chagas

25/11/20.


Ps.: Quando estive na Argentina, fazendo um tour com os The Honkers, fomos entrevistados num programa de Rádio na cidade de Pilar, perguntaram pra banda quem foi maior, Maradona ou Pelé (eu estava distante do futebol, do Esporte Clube Bahia...porém nunca deixei de ser Bahia) e prontamente respondi "Garrincha" (na época meu jogador favorito de todos os tempos), todo mundo riu e gostou da minha tirada...talvez hoje em dia responderia Marito ou Bobô (ou alguma lenda tricolor baiana), por razões futebolísticas óbvio...mas o pai de um amigo de infância disse que levou um amigo pra ver Pelé jogar contra o Bahia, mas se encantou com o pequeno diabo loiro tricolor "Vim aqui ver Pelé jogar, mas esse baixinho loirinho, Marito, foi o craque da noite"...não é a toa que o Rei Pelé sucumbiu ao Scratch Tricolor em 1959 em plena Vila Belmiro (beleza, na partida de volta ele fez 2 aqui, mas na 3a partida, mesmo sem ele, com o Genial & Lendário Time do santos, nós brocamos de 3 x 1 e somos até hoje o 1o Campeão Brasileiro)...e não mais a toam o Díos Argentino se encantou com o garoto Charles (que foi Campeão Brasileiro com o Bahia em 1988) e comprou seu passe e levou o baiano pra jogar no Boca Juniors no comecinho dos anos 90...ah esses deuses futebolísticos...sempre se encantando com o Tricolor Baiano...o glorioso Esporte Clube Bahia...agradecemos a vocês a vossa devoção!


Ps2.: Fico imaginando como não vai ser o enterro de Maradona, a comoção, a devoção, a multidão, mas o Governo e as pessoas devem se atentar que estamos numa pandemia...um enterro como o de Maradona pode fazer o País entrar em Colapso pandêmico, sem nenhum exagero...e imagino a cidade de Nápoles tb, a comoção lá, se vacilar vai ter italiano querendo viajar pra Argentina pra ir no funeral.


Ps3.: Nem reli e nem corrigi o texto...se você chegou aqui, obrigado e desculpe os erros.

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