Pobre coitado
seu roto vestido
rasgado em mil pedaços
estraçalhado aos ventos
vou ao quarto & desligo a tv
corpos esquartejados
num lodaçal
perto
do canal
da rua principal
Juca
José
Engulho
corvos
grasnam
ao meio dia
sorvo
um pouco de iodina
tudo fica um pouco melhor
os
vitrais
ficaram
roxos
a cortina
cedeu
ao peso
da
-fria-
corrente de ar
minha
mãe gritou
em plenos
pulmões
o vidro
se partiu
e minha língua
foi em duas direções opostas
João sacode o livro
sagrado
cita
sua passagem
favorita
esse é o versículo
em que um deus
frita um ovo
na cabeça de um
anão gigante
e Ana grita em perigo
que seres imaginários
roubam sua visão
e sorri para Pedro
jogar uma pedra no poço em que cuspimos mais cedo
insultos contra demônios
e monges decapitados
Pai
leve-me ao hospital
e costure minhas
entranhas
está na hora de partir
Ice a vela
antes que o peregrino
volte
e coma o resto do jantar sagrado das 7 horas
Vamos!
Está na hora.
Nem sei onde jogamos os restos mortais
dos ossos sagrados
Um relicário qualquer
num santuário empoeirado
Vamos...abandone a mim & o poema
nãos vês que a sessão acaba de começar
e ao perder o início
o final será prejudicado
pelo seu atraso.
Rodrigo Chagas
17/10/25
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