Bolsos Vazios de um homem morto,
que a vida a tudo levou,
condenaram-no a viver
embora já esteja:
morto.
Um monge
dilacera suas costas
com um chicote ensanguentado.
O corpo de Jesus
passa em minha porta
num caixão de vidro
numa fúnebre procissão
30 anos atrás.
Padres de capuzes e beatas
entoam hinos católicos...
Ainda me chamam
de mórbido...
Joelhos rasgados
rastejam penitências
nos paralelepípedos.
Falta luz,
os pisca-piscas
do natal
se vão,
deixando
numa penumbra
natalina
minha ceia
de ano novo.
Rodrigo Chagas
24/12/14.