sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Tenho cada segundo
vivo
em
meus poros
direciono-me
para o campo
em silêncio
os pássaros
gor-gorjeiam
como
gralhas
roucas
grasnam
tão alto
até sua voz calar-se
nem ao menos tentamos
- de novo -
pela enésima vez
fracassar
a
todos os erros
anteriores
que nós
sabíamos
que cairiam
em vão
dos meus punhos
partidos
em rostos
desconhecidos
na penumbra
da escuridão
você nem quis ouvir-me
dizer
desculpa
novamente
ouvi o - seu - silencioso
adeus
ecoando
pelos
becos
&
vielas
das escadas partidas
de
azulejos
escarlates
de rubro sangue
Tento
de
maneira derrotista
escrever
mas tudo
a mim
abandona
as ideias
as canções
o triunfante
final que nunca vem...
no meu próprio
pesadelo
sonho com seu corpo
chacoalhando minha
mente
meus quadris...
os lençóis amarelos
voam pela janela
quero a tudo abandonar
meus pulsos prendem
panos rasgados
em cordas dilaceradas pela tormenta
talvez um outro dia
eu tente o fracasso
novamente.

Rodrigo Chagas
26/08/23