terça-feira, 11 de janeiro de 2011

10/11/06


Tem um carro funerário parado ali na frente
da minha porta
2 homens descem
e buscam o velho cadáver.
todos sabemos
que uma hora é a nossa
e eu pensava
naquele homem
por anos e tempos
olhando para o mesmo teto do quarto.
Às vezes
o levavam para tomar sol,
esquálido,
sentado numa cadeira
com um boné vermelho.
"Meu avô gastou tudo para meu pai não gastar nada"
meu amigo me disse.
Deus, ninguém merece sofrer ao longo desses dias & meses.
"ele quebrou o fêmur, não vai voltar + a andar".
e lá ele ficou, no quarto,
e dias após noites
ouvia um velho rádio
assistia a mesma televisão.
Até hoje
que depois se tornará
amanhã
e então nem sei mais...
Passo pela mesma casa
e olho para a janela escura
não existe mais luz
nem ele...
apenas os dias...
para mim...
e por enquanto...


Rodrigo Chagas.
Salvador,
10/11/06.

Nenhum comentário:

Postar um comentário