terça-feira, 11 de janeiro de 2011

(6 pseudos-poemas numa mesma manhã antes de dormir).

Rodrigo Chagas, Ssa - 05/07/06

Existe uma foto na parede
onde teias repousam
e meus olhos descansam.
A poeira habita nela,
assim como a imagem comida pelo mofo.
Eu a mantenho lá
pelos velhos momentos.
Após 99 anos,
teimando em guardar um momento morto.
"Nós sempre viveremos aí"
você disse.
Acho que é verdade,
após esses anos,
teias e poeiras
dá para enxergar o seu sorriso.
É para isso que a mantanho na mente
pendurada na parede.

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Toquem os sinos das igrejas,
pois a sinfonia dos mortos
trobetam nos meus ouvidos.
É hora de ir,
toque mais uma vez Srº.
É o que necessito.
Nessa hora do adeus
eu odeio despedidas,
mas sei o momento de partir.
Rasga-se a dor
como papel amarelado...
Farelos ao vento.
Corre nas veias
um sangue adiado.
É o momento,
não se deve demorar...
Como um cowboy num velho western
você demora de morrer,
agonizando-se para todos os lados.
Seria bom que todos
soubessemos a hora de parar.
Pelo menos o brilho
ecoaria longe.

++++++++++++++++++
 
"Há + hóspedes no HeartBreak Hotel por causa de Rodrigo Chagas,
 Do que almas desoladas no purgatório de Dante"

Não há dúvidas
todas as garotas dessa cidade
sucumbirão ao meus encantos,
cairão como a babilônia,
sodoma & gomorra.
Não são groupies,
apenas se encantam
com o jeito que minhas mãos
deslizam sobre o papel
e meus lábios
cantam uma canção acre-doce.
Todas serão lançadas em minha cama
como mísseis jogados
pelos B-29´s
em Hiroshima,
nossos corpos
arderão em chamas
como Nagasaki.
Eu sou como um Nero
jogando Napalm em uma Roma pós-moderna.
Não Há jeito
todo assassino sabe
como cravejar uma faca em sua vítima.
E mais uma alma perde-se comigo.
 
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"sem culpa" *

Oh!
Que estranho prazer
esse que toma meu corpo
ordenando, direcionando minha mente.
Para uma estrada não conhecida.
Escutando seus gritos
de dor,
arranhando meu rosto,
Eu sinto-me mais alvoraçado,
esmagando seu nariz
como uma banana amassada de papinha de bêbê...
E vejo o sangue te sufocar como uma boca gordurosa de fogão entupido.
Um monstro que habita em mim
sai e devasta sua pele.
Meu pau rasga a carne
como uma navalha afiada.
Oh Deus!
Como pode o demônio brincar
com minha razão?
Se eu pudesse parar,
mas não...
Vozes mandam-me cavalgar
como um Cézar
Rumo ao massacre.
 
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¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
O que vêem
os olhos doentes
da humanidade?
Risos permeiam os olhares,
semeando ódio.
Há algo que não consigo
tocar com a razão,
nem compreender com o coração.
Não é questão de rima,
nem ritmo.
Quem são aqueles que cometem crimes?
Como seus olhos saceiam
os desejos de suas mentes?
como podemos compreendê-los?
em que lugar guardam suas culpas?
Suas violências chocam-me,
destruindo tudo em mim.
Desabo-me como os corpos interrompidos.
Em suas mãos sangues,
em suas mentes o vazio.
E meus olhos não conseguem
captar sua compreensão.
 
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O que nos impede
de avançar as leis
colocadas como um freio
em nossas vidas?
Existe um inferno
de gritos e lágrimas
que nos impede de transgredir.
Mas os que são surdos
e cegos para o enxofre?
Quais seriam seus tormentos?
Não suportaria a chegada da dor alheia,
mas para outros essa proximidade
nada significa.
O que nos deixa desse
ou do outro lado da linha?
Decisões?
"ora meu caro, deixe de indagações adolescentes,
você não é mais um garoto..."
Ok.
Mas são quase 7 horas da manhã
e os assassinos já estão acordados,
enquanto outros contam cordeiros
em sonhos pintados de vermelho.

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*Ps.: No poema "sem culpa", pensei como seria um poema escrito por um psicopata, na hora de cometer um crime bárbaro, creio que os outros poemas "se encaixam" dentro de um contexto de "culpa" e psicopatia.

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