terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Trilhas sonoras baratas para corações solitários

 Ao som de lonesome town e heartbreak hotel coverizadas pelos Cramps


Estou descendo para a Cidade Solitária para hospedar-me no Hotel dos corações partidos.

Não me importo se eles me acham caricato.

Não me importo se seu médico diz q vc tem o nariz torto por causa da rinite.

Nossos sonhos quebrados, como narizes machucados, serão esquecidos na Cidade Solitária.

Estaremos no nosso quarto p/jogar ao vento nossas roupas e despir todo passado.

Meu velho, e suado, paletó preto deixa-me um pouco mais forte, por mais sujo e velho q esteja, nele eu sinto-me alguém... como num velho filme.

Levo fotos velhas e amareladas pelo tempo, de pessoas que eu nunca vi, fotos antigas, em preto e branco... e o amarelo as deixa mais tristes...

Levo cd's q falam de canções de amor, canções q ninguém mais ouve, pois falar de amor tornou-se brega e ultrapassado....


Na Cidade Solitária eu me encontrei um dia e agora volto p/ela e vou salvar-me em seus braços....

Vc deve estar bela deitada nua na cama daquele hotel barato, suas pernas e seus seios... quero muito toca-los... só aqui nesta maldita cidade poderemos nos libertar de todo o nosso passado.

Eu quero escrever poemas baratos e dizer tudo q eu sinto, sou um cara q não foi feito p/esses tempos, sou um cara ultrapassado, por isso prefiro seus óculos a lentes de contato, por isso amo seu corpo natural...

Essas ruas sujas e poeirentas vão levar-me à vc.

Não me importo se te acham meio louca, tarada e sonhadora.

Sou meio mal visto também, um vagabundo com mais de 20 anos q não se interessa por nada.

Todos os dias fudidos e loucos que passei p/ ficar com vc, apenas vc, serão curados na Cidade Solitária, num hotel barato onde encontrei-me solitário um dia.

Não importa se não deixaram vc vir, mas apenas eu e vc poderemos mandar à merda todo esse mundo sórdido e fudido onde vivemos.

Apenas na cidade solitária aprendemos a esquecer.

E não importa...nada mais importa.... nem esse sol quente q racha meu crânio, nem quantos ônibus e perigos q eu passei p/ chegar até aqui.

Apenas na cidade solitárias poderemos chorar, chutar, e curar nossos problemas p/ longe!!!!!

E não importo-me mais com nada, nem q esse texto termine grandioso ou fudido, agora quero apenas EU, VC e a maldita cidade solitária, vista de um quarto barato do hotel dos corações partidos.



Rodrigo Chagas, 2002.
 

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