terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Um poema concebido quando o dia ainda era noite..."


Há um vazio
no canto direto
da porta.
Nenhum
enquadramento
barroco
pode
ser
registrado
pela
íris
moderna
do meu corpo.
Encontro
toscos
desenhos
teus
no
caderno
onde
haviam
promessas
não mais
lembradas.
Apenas
o oco
na minha
memória.
Estão
ali nomes
escritos
de pessoas
que nem
mesmo sei
quem são.
Venho
exercitando
o esquecimento
ao longo
dos tempos.
Nas páginas
do livro
quase
desintegrado,
Spengler
afirma
sobre
a história
ser
insentimental
      &
sem compadecimentos
daqueles
que se julgam
sentimentalmente.
E toda essa
estória
esquecida
que
não me
fora esclarecida
pelos
próprios
túneis
do meu
tempo?
Uma
placa
noturna
nos dias
enfumaçados.

. . .

Há um lado
esquerdo
no canto vazio
de minha janela.

Rodrigo Chagas
14/05/10.

3 comentários:

  1. Finalmente um blog seu.

    E este poema é dos bons, meu caro.

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  2. Para mim o Rodrigo Chagas é uma das vozes, senão a voz mais original da poesia de hoje, feita na Bahia. O que o coloca nesse status é, entre outras coisas, a assustadora honestidade dele consigo mesmo e com o leitor. Não há fórmulas literáras, frases de efeito endereçadas etc... Escreve com os pulsos, mas sem o dramalhão da Ana Cristina Cesar et caterva. Na medida exata, entre o lixo e o luxo, com uma saudável influência dos escritores norte-americanos do entreguerras e do pós-guerra. Isso tudo aqui, em Salvador, terra dos "poetas prontos", dos "gênios" que vivem a se dabater entre si, tentando fazer carreira, sem um poema sequer, feito de próprio punho.

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