terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A velha estação


Dean olhava Mary na velha estação de trem, esperando o trem das 15h, o último p/L.A. Com os olhos cheios de lágrimas (ninguém sabe se eram de raiva, dor, sofrimento, tristeza ou o conjunto de tudo isso) e disparou contra ela, como uma metralhadora, mortal e rápida:
- Não posso parar algo que começou há muito tempo, não se pode parar um relógio quando ele está em movimento, apenas quando ele se quebra, ou perde energia... Escrevi poemas, cantei músicas, dediquei canções e o que ganhei com isso???? Dor e solidão no coração, esse foi meu prêmio por gostar de você. Quando disse que queria vc p/mim, ser seu namorado vc riu de mim...Por isto fui morar em outro estado quando encontrei alguém, queria mostrar p/vc que tudo, mas tudo, pode ser feito. Eu queria vc droga! Te beijar, dormir ao seu lado, ouvir música, mas vc nunca me deu uma chance, pq?
Pq vc nunca chamou-me p/o seu lado? "Venha Dean, eu espero por ti, espero muito sua chegada, quero beijar-te como deve ser feito", pq nunca ouvi nada parecido dos teus lábios além de uma risada sarcástica ao ouvir minhas palavras de amor?
Mary nada respondeu, apenas beijou a testa de Dean e mostrou com os olhos que o trem estava partindo. Dean virou-se, pegou as malas e caminhou com os velhos sapatos sobre a poeira da velha estação. Dava p/ouvir suas lágrimas caindo ao caminho do velho e sujo trem das 15 horas!





Rodrigo Chagas, 2000.
 

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